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10 mandamentos da arquitetura - Frederico de Holanda

  • Foto do escritor: Amanda Freire
    Amanda Freire
  • 23 de mai. de 2019
  • 3 min de leitura

Frederico de Holanda é um arquiteto recifense que trabalha com política e planejamento urbano, é professor titular da UNB, e lidera o grupo Dimensões morfológicas do processo de urbanização.

A obra aqui discutida traz à tona questões controversas da arquitetura que se apresenta como um campo de práticas e representações. Para entender isso, é preciso pensar a arquitetura como objeto de atenção filosófica. Qual a relação entre arquitetura e comportamento? qual o próprio conceito? quais seus modos de produção e implicações sociais? qual a relação entre a arquitetura e a concepção de lugar?

Por isso, pode até parecer um manual com 10 mandamentos necessários para que a arquitetura aconteça (lembrando que ela sempre acontece), mas na verdade, a obra é uma provocação sobre a arquitetura enquanto um campo de restrições e possibilidades, como um campo aberto, difuso e espontâneo que vai ao encontro da epistemologia interdisciplinar.


Frederico de Holanda se apresenta associado a uma “teoria da sintaxe espacial” com o qual ele teve um importante envolvimento intelectual quando foi orientado por Bill Hillier na University of London e desenvolveu a tese “O espaço da Exceção”. Vale lembrar que foi o próprio Hillier que criou a “teoria da sintaxe espacial” no começo da década de 1980. A partir de uma abordagem socioespacial e sistêmica, essa teoria relaciona fatores geométricos e modelagens matemáticas para representar a cidade, e associa o urbano com padrões dotados de informação e conteúdo social. Seria possível mesmo representar a cidade por padrões, dada a complexidade do mundo social? Essa teoria é capaz de explicar e compreender as transformações urbanas e o emaranhado de forças socioeconômicas envolvidas na produção do edifício e da cidade? Não há dúvida de que essa teoria já foi acusada de ser simplista e presunçosa, mas o fato é que ela é adotada por pesquisadores do mundo inteiro, e tem rendido bons resultados.


Ora, por outro lado, Frederico de Holanda chama a atenção para o surgimento de um movimento crítico que vem crescendo cada vez mais dentro da arquitetura moderna: a semântica. Se por um lado ver-se uma teoria da sintaxe espacial implícita às configurações e à racionalidade do espaço, por outro aparece a semântica que se atém à forma circunstancial e reflete no significado, na subjetividade e na percepção coletiva e identitária do espaço de onde emergem narrativas diversas.


Sendo assim, não posso deixar de anunciar minha satisfação com a crítica do autor à “arquitetura de grife”, e assumo minha defesa à arquitetura popular produzida por sujeitos anônimos em todos os tempos e lugares. Também me identifiquei ao ver o conceito de arquitetura e planejamento sendo posto de ponta cabeça quando o autor sinaliza: “desordem é uma ordem cuja lógica social subjacente não é o padrão” (HOLANDA, 2013, p. 212), ou seja, cada sociedade convenciona sua ordem arquitetônica a partir dos seus modos de apreensão sensível e racional, a partir da sua realidade socioeconômica, e a partir das marcas do seu passado. Não há, em si, um modelo de ordem na arquitetura, tão pouco de desordem. Nesse sentido, o arquiteto é um mediador da relação do homem com o espaço por ele produzido, por isso ele aponta possibilidades e restrições conforme a dimensão estrutural e cultural do meio, mas também em direção à rebeldia, à reforma, à inovação, ao efêmero e ao imprevisível.

Convido-os a ler “10 Mandamentos da Arquitetura”. Boa viagem!


HOLANDA, Frederico. 10 mandamentos da arquitetura. Brasília: FRBH, 2013.

 
 
 

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Amanda de Almeida

Graduada em Eng. Civil pela Universidade Federal de Campina Grande/UFCG. Mestranda em História/UFCG na área de Patrimônio Histórico e Cultura, Monumento e Memória. Apaixonada por livros, pela rebeldia, pela inovação, pelo espontâneo e pela (des)construção do saber.

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