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Resenhas críticas de obras que ajudam a pensar a cidade enquanto objeto de estudo multidisciplinar, passando por referências bibliográficas em filosofia, história, sociologia e urbanismo.

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Cidades Rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana - David Harvey

  • Foto do escritor: Amanda Freire
    Amanda Freire
  • 18 de fev. de 2019
  • 3 min de leitura

Em primeiro lugar, preciso sugerir que antes de ler esse texto o leitor possa visitar as resenhas escritas neste blog sobre as obras O direito à cidade (Henri Lefebvre) e A questão urbana (Manuel Castells), pois o geógrafo britânico David Harvey de certo as visitou veementemente. Tendo como base os estudos marxistas não ortodoxos, essa edição da sua obra Cidades Rebeldes tem como próprio prefácio uma análise da visão Lefebvriana sobre o direito à cidade, e passa a citar o sociólogo Castells como um discípulo do Humanista.


Harvey começa sua escrita ao modo de Lefebvre, em um tom nostálgico. Ao lembrar como era Paris antes da entrada do capital empresarial norte-americano, ele acusa que esse processo trouxe grandes empreendimentos, e atribui as mudanças na paisagem Parisiense à chegada dos arranha céus. Além disso, o autor explica que houve uma mudança de hábitos urbanos após a emergência de um consumismo exacerbado e irracional. Ou seja, anuncia-se a crise da cidade, como Lefebvre houvera feito.


Mas o que Harvey traria de novo para os estudos sobre o dilema da produção capitalista do espaço urbano? Ora, é sabido que atribui-se a Lefebvre o marco da discussão sobre o direito à cidade, mas isso só é verdade se nos voltarmos a um grupo fechado de intelectuais que dominavam o assunto nas catedrais do conhecimento. E o que acontecia nas ruas? até que ponto o direito à cidade assume a definição lefebvriana de ser o direito à vida urbana e do resgate das cidades de suas crises existenciais?


É essa a primeira contribuição de Harvey ao perceber que “o direito à cidade é um significante vazio. Tudo depende de quem vai lhe conferir valor” (HARVEY, 2014, p. 20). O que ele quis dizer é que o que acontece nas ruas é muito mais importante do que as discussões intelectuais fechadas em si, ou seja, é a partir das lutas e dos movimentos sociais insurgentes, e a partir da própria rebeldia, que o direito à cidade é paulatinamente conquistado. Não pode haver esse direito se não houver embate.


Outra contribuição que eu diria ser a mais importante de sua obra é que pela primeira vez, entre os livros que já visitei, um autor consegue fazer uma ponte muito clara entre os direitos humanos e o direito à cidade. Na maior parte das abordagens sobre a cidade e o direito de construir, os conceitos em vigência são individualistas e baseados na propriedade privada, mas agora fica possível pensar a cidade como um direito coletivo!


Para não me alongar muito (e o leitor partir para o prazer de manusear o livro), entre outras contribuições desta obra, preciso fazer um breve comentário sobre uma postura, sobretudo política, que o autor adota. Harvey defende uma abordagem revolucionária do direito à cidade, uma revolução que nasce da insatisfação dos trabalhadores precarizados que vivem nas cidades e enfrentam diariamente situações em que o direito à vida urbana e à justiça social são direitos negados. Sendo assim, há o desejo do movimento anticapitalista em sua fala, e é nesse ponto em que Harvey mais se aproxima do marxismo, embora tenha entendido que a revolução nasceria na cidade, e não exclusivamente nas fábricas.


Sim, a revolução urbana. Eu ouso dizer que ainda prefiro ficar no âmbito da reforma urbana, embora concorde com todas as críticas sociais que a obra traça com muita competência. E você? o que acha disso?

Convido-os a ler Cidades Rebeldes!


Bibliografia:

HARVEY, David. Cidades Rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

 
 
 

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Amanda de Almeida

Graduada em Eng. Civil pela Universidade Federal de Campina Grande/UFCG. Mestranda em História/UFCG na área de Patrimônio Histórico e Cultura, Monumento e Memória. Apaixonada por livros, pela rebeldia, pela inovação, pelo espontâneo e pela (des)construção do saber.

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